O gesto que fazemos para proteger a cabeça
Ana Margarida de CarvalhoDois homens se encontram numa estrada do Alentejo, em Portugal, perto da fronteira com a Espanha, de onde ecoa a guerra civil. Dirigem-se para um destino comum, mas cada qual com o seu fardo: um, carrega o peso da vingança; o outro, uma carga de azeitonas. Entre dois entardeceres, a narrativa avança, sinuosa e inexorável, como uma trilha de formigas num terreno acidentado, uma atrás da outra. E nesse magistral enfileiramento de enredos e personagens, a única constante é o inconsciente gesto para proteger a cabeça — seja da fúria do vento ou da violência humana.
“Pulsam a brutalidade e a solidão compartilhada de vidas à margem da lei, em um canto alentejano espremido entre os fascismos de Portugal e Espanha.”
– Reginaldo Pujol Filho
“No universo da língua portuguesa, contam-se nos dedos os autores com coragem e audácia para testar verdadeiramente os limites da forma romanesca. Entre eles, destaca-se Ana Margarida de Carvalho, tanto pela hábil experimentação de novos processos narrativos como pelo luxo quase barroco da sua prosa.”
– Jornal Expresso (Portugal)